FTX quebrou; dois especialistas dizem o que vai acontecer com os clientes

  O pedido de falência da segunda maior corretora de criptoativos do mundo renova as incertezas de investidores sobre esta indústria. O fato ocorreu nesta última sexta-feira. Neste momento, muitos aplicadores estão confusos, pois acreditavam que seu maior risco era apenas a intensa oscilação de preços dos criptos, mas perceberam que a incerteza vai muito além. Entrevistei dois especialistas que explicaram as principais dúvidas dos investidores de criptomoedas da FTX.

A confiança é o elemento chave deste mercado. Entretanto, os eventos recentes de ataque hacker, fraudes e, agora, falência a abalaram.



Para entender como o mundo cripto é diferente, vamos comparar com o tradicional. Quando se investe em ações por meio de uma corretora tradicional existem três instituições para agir na segurança de seus ativos. O primeiro é a corretora, o segundo é o agente custodiante e, por último, a instituição escrituradora.

Se uma corretora tradicional de ações quebra, nada acontece com os ativos dos investidores, pois todas as ações estão custodiadas em uma instituição diferente. Portanto, existe uma segregação entre os ativos da corretora e os de seus investidores.

Mesmo que a corretora e a instituição custodiante, que no caso brasileiro é a B3, quebrem, ainda assim, o agente escriturador possui registro de todos os ativos, identificando cada investidor. Logo, o aplicador nada sofreria.

Dessa forma, se os ativos estão na corretora, eles não são seus. Mitsuo lembra: "Em cripto, há o conhecido jargão a respeito de custódia, not your keys, not your coins, ou seja, se você não tem a chave de seus criptoativos, você não os possui".

Milanello explica que "como não se trata de um negócio regulado, não está claro, no caso da FTX, em qual jurisdição o caso será avaliado bem como quais critérios serão levados em consideração. Na prática, isso significa que não há garantia que os ativos dos clientes estão seguros e garantidos até esse momento".

Portanto, considerando o endividamento da corretora de criptos FTX, se você possui criptos custodiados por ela, corre sério risco de não receber mais nada de volta. Os investidores, possivelmente, devem entrar na massa falida como qualquer credor.

O episódio escancara o risco que investidores estão expostos em qualquer corretora de cripto no mundo.

No mercado cripto, a proteção dos investidores reside apenas na solidez do controlador da corretora, ou seja, será menor quanto mais suscetíveis os controladores estiverem a uma quebra.

Mas, como identificar a solidez do controlador se quase todos são empresas fechadas que muitas vezes nem possuem balanços auditados?

Neste sentido, Milanello explica que o evento "abre oportunidade para grupos sólidos como a XP que, por meio da XTAGE (plataforma de negociação de ativos digitais da XP Inc. em parceria tecnológica com a Nasdaq) proporciona ao investidor o estado da arte em segurança, transparência e tecnologia de ponta".

Todos reclamam da regulação e centralização do mercado financeiro tradicional, mas é somente quando se perde todo seu capital investido que você sente falta destas características.

Até que haja uma regulação completa desta indústria, a insegurança prevalece. Entretanto, deixo uma questão para que os leitores comentem: quando houver uma regulação completa, qual a vantagem deste mercado se comparado aos ativos tradicionais que rendem juros e dividendos?

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