A inflação dos combustíveis no Brasil é um tema que vem preocupando os consumidores e impactando a economia do país. Segundo o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, acumulou alta de 11,3% em 12 meses até março de 2023, sendo que os transportes foram o grupo que mais contribuiu para esse resultado, com uma variação de 17,37% no período.
Dentro do grupo de transportes, os combustíveis foram os itens que mais subiram de preço, com uma alta de 27,89% em 12 meses. A gasolina teve um aumento de 27,48%, o óleo diesel de 46,47% e o etanol de 24,59%. Esses reajustes refletem a política de preços da Petrobras, que acompanha as variações do dólar e do petróleo no mercado internacional.
Além disso, os combustíveis também foram afetados pela reoneração dos impostos federais (PIS/COFINS) a partir de março de 2023. Essa medida foi tomada pelo governo Lula para recompor as receitas públicas e reduzir o déficit fiscal. A reoneração foi parcial, pois a gasolina passou a ter uma incidência de R$ 0,47 por litro e o etanol de R$ 0,02 por litro. Antes, esses impostos haviam sido zerados pelo ex-presidente Bolsonaro para tentar conter a inflação em ano eleitoral.
A alta dos combustíveis tem efeitos diretos e indiretos sobre a inflação. O efeito direto é o aumento do custo de vida para os consumidores que utilizam veículos próprios ou transporte por aplicativo. O efeito indireto é o repasse dos custos do frete para os preços dos produtos e serviços que dependem do transporte rodoviário. Isso afeta especialmente os alimentos, que tiveram uma alta de 11,62% em 12 meses até março de 2023.
A inflação dos combustíveis também prejudica a competitividade da economia brasileira, pois encarece os custos de produção e reduz a margem de lucro das empresas. Além disso, a inflação reduz o poder de compra da população e afeta as expectativas dos agentes econômicos. Isso pode gerar um ciclo vicioso de aumento de preços e queda da atividade econômica.
Diante desse cenário, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros (Selic) para tentar controlar a inflação e ancorar as expectativas. A Selic está atualmente em 9% ao ano e deve subir ainda mais nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). No entanto, essa política tem um custo social elevado, pois aumenta o endividamento público e privado e desestimula o investimento produtivo.
Portanto, a inflação dos combustíveis no Brasil é um problema complexo e multifatorial, que exige medidas coordenadas entre o governo federal, os estados e os municípios. Além da política monetária, são necessárias políticas fiscais responsáveis, reformas estruturais e incentivos à diversificação da matriz energética. Somente assim será possível garantir uma inflação baixa e estável no longo prazo.